DIA DO BOTONISTAS 14 DE FEVEREIRO
Neste 14 de fevereiro estamos comemorando o centenário de nascimento de Geraldo Cardoso Décourt.
Em 1922, quando comemorávamos o ano do centenário da Independência do Brasil, Geraldo Décourt conheceu Higino Mangini e seu irmão Francisco, que o ensinaram a praticar o futebol de botões, tendo jogado pela primeira vez na escadaria da Rua Visconde de Paranaguá, onde morava no nº 40, antes de possuir sua primeira mesa envernizada e disputar os primeiros campeonatos de 1922 com Mario Sallorenzo, José da Silva, Rudolf Langer, Oscar Vieira e Jaime Ferraz.
Por volta de 1930, fazia toda a cobertura jornalística em diversos jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo, contando com a colaboração de amigos como Thomaz Mazzoni e José de Moura, que nunca recusaram notícias sobre o futebol celotex.
Na mesma época, a Liga Pernambucana tinha na parede de sua sede um retrato de Décourt, uma foto dele recebendo um troféu e outra de sua linha atacante.
Grande incentivador desta modalidade, Décourt foi o autor das primeiras regras dessa salutar prática, impressas como Celotex.
Na época, o meia Tatu, do Corinthians e campeão sul-americano pela seleção brasileira, faleceu vítima de tuberculose e Geraldo Décourt doou para uma campanha em seu benefício cem exemplares de sua regra.
Por força de seus afazeres, tais como a pintura moderna, negócios, jornalismo, radialismo (cantor e compositor), Décourt afastou-se por uma longa temporada do futebol de mesa.
Morou no Rio de Janeiro cerca de 30 anos, 5 no Rio Grande do Sul, casou-se em 1947 em Vitória (ES) e retornou a São Paulo em 1949.
Ao futebol de mesa retornou através de Éder Jofre, o "Galo de Ouro", que o aproximou do então presidente da Federação Paulista de Futebol de Mesa, Décio Zuccaro. Nessa oportunidade, Decourt prometeu cooperar e participar do movimento em favor da difusão da modalidade, com o seu melhor empenho.
Fez parte da extinta Federação Paulista de Futebol de Mesa, jogando no Grêmio Dramático Luso Brasileiro, em 1964, quando conheceu Luiz Gonçalves da Silva, Flávio Seabra Ferraz e Roberto Milagres. Também conheceu Newton Andrade e Carlos Casal del Rey, que possuíam seus estádios com quatro refletores.
Em 1980, visitando Santos, em companhia de Hideo Ue Filho e Eliahou Vidal, conheceu Jurandir da Silva Marques, com mais de 70 anos, que fez um pequeno comício a respeito do que Decourt fez e fazia naquela época, citando clubes e locais onde o vira jogar.
No mesmo ano, esteve presente ao Congresso de Abertura do I Campeonato Brasileiro da modalidade três toques, no Rio de Janeiro.
Criou o Botunice Informa, boletim informativo de seu clube, o Botunice, e dos demais clubes de São Paulo.
No dia 13 de julho de 1982, em Lagoinha, Ubatuba, São Paulo, compôs o Hino do Botonista, homenagem aos botonistas do Brasil de todas as regras.
No mesmo ano, afastou-se do futebol de mesa, motivado pela paralisia parcial que o atingiu tão traiçoeiramente e o impediu de participar até como simples assistente.
Em 1987, publicou o livro "Aconteceu, sim!..., 150 páginas de um “solista da escala cromática”.
Apesar de seu longo histórico, Décourt sempre deixou bem claro que nunca disse para ninguém ter sido o inventor do futebol de botões, mas sim autor da primeira regra impressa.
José Ricardo Caldas e Almeida - Brasília (DF)
Não é qualquer prática da vida ou tradição, que consegue vencer a barreira do tempo e se firmar por cem longos anos na história de uma nação. Nem mesmo os mais otimistas poderiam prever tanta perseverança de um esporte que, ainda hoje, é jogado da mesma forma simples quando tudo começou. Aliás, conseguimos manter a força dos grandes torneios disputados em arenas modernas com centenas de botonistas, e aqueles campeonatos não menos fundamentais para o nosso esporte, jogados com toda seriedade, nas garagens de milhares de “fissurados” pelo futebol de mesa por esse imenso Brasil.
Quantos gols de placa foram marcados nestes anos de amadurecimento do magnífico futebol de mesa. Resistiu bravamente ao tempo competindo com as gigantes produtoras dos vídeos games modernos e cheios de efeitos em 3D. Quanta euforia e satisfação este nobre esporte promoveu aos corações de seus apaixonados praticantes. Ah, se Geraldo Cardoso Decourt estivesse vivo... Vislumbraria o crescimento daquela que não passava de uma pequena sementinha, nas palmas de suas mãos.
A semente cresceu e se tornou árvore frondosa e seus frutos estão espalhados por todo território nacional, influenciando competidores de todas as idades ou classes sociais.
Recentemente, ouvi dizer que os galhos dessa generosa árvore já atravessaram os limites da nação verde e amarela, invadindo novos territórios e cativando mais adeptos para a geração nostálgica dos botonistas.
Quantas amizades se firmaram em virtude do futebol de mesa... Quantos artistas e artesãos se revelaram nestes anos, produzindo com excelência os materiais que usamos para a prática do futebol de mesa... Quanta evolução aconteceu, mas sem perder a simplicidade e a doçura das brincadeiras de crianças.
Não quero ser injusto com os demais. Permita-me neste momento, honrar um dos mestres na arte da fabricação de botões no Brasil, que conheci recentemente. Seu nome é Sr Lorival, como eu respeitosamente o chamo.
Conheci este senhor de cabelos brancos e absolutamente obstinado pela perfeição na fabricação de seus times. Artesão desde a década de 60, produzindo botões cujo rendimento no “gramado rígido” é simplesmente espetacular. Suas histórias sobre futebol de mesa fazem deste senhor uma enciclopédia do nosso esporte jogado com botões. Bem, hoje os “botões” mais parecem discos de acrílico milimetricamente projetados e com toda sofisticação que eles merecem.
Como comemorarmos o centenário desse esporte maravilhoso sem citar este profissional e tantos outros que poderíamos mencionar aqui? Bem, a lista é sem dúvida extensa demais para caber nesta pequena crônica. No entanto, fica aqui registrado nossa gratidão a todos vocês que tornam o futebol de mesa, simplesmente maravilhoso. Gente que investiu tempo e dinheiro para interligar os atletas e apaixonados pelo futebol de mesa. Pessoas que não aparecem, mas que estão escondidos trabalhando duro por detrás das cortinas de seus blogs e sites, levando informações úteis e histórias estimulantes sobre o bom e velho futebol de botão.
Quantos grupos de amigos se reuniram e fundaram suas associações e seus clubes para oficializar o futebol de mesa em suas regiões. Até as agremiações de futebol profissional tiveram que reconhecer dentro de seus domínios, um departamento, ou divisão, especificamente para o futebol de mesa. É o caso do Santos Futebol Clube que conheci recentemente. Lá, na famosa Vila Belmiro, palco de grandes decisões futebolísticas, a passarela por onde o rei Pelé desfilou inúmeras vezes balançando as redes, no coração da galera santista, existe uma sala exclusiva, devidamente separada para a prática do futebol de mesa da equipe do Santos. Na verdade, somos uma nação dentro de outra nação curtindo as mesmas experiências.
Dia 14 de fevereiro comemoramos o centenário de Geraldo Cardoso Decourt e o dia do botonista. Continuemos lutando para que o futebol de mesa cresça ainda mais. Mostremos as nossas crianças, que no país do futebol, existe uma maneira clássica de bater uma bolinha sem se machucar, mas não menos vibrante.
Que as variações das regras não separem uns botonistas dos outros. Pelo contrário, que saibamos respeitar aqueles que praticam o mesmo futebol de mesa com suas diferenças sem menosprezá-los
Qualquer modalidade esportiva cujo respeito é ignorado, não vale a pena fazer parte. Acredito que temos muito mais motivos que nos unem do que motivos que nos separem.
Certamente que botonistas unidos é sinônimo de avanço do nosso esporte. E quem sabe se um dia, não veremos nosso velho e bom futebol de botão nas olimpíadas? Não custa sonhar...
Feliz dia do botonista!
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